domingo, 17 de janeiro de 2010

TATUAGENS

Há mais de 3500 anos atrás, a tatuagem já existia como forma de expressão da personalidade ou de indivíduos de uma mesma comunidade tribal (união de pessoas com as mesmas características sociais e religiosas). Os primitivos se tatuavam para marcar os fatos da vida biológica: nascimento, puberdade, reprodução e morte. Depois, para relatar os fatos da vida social: virar guerreiro, sacerdote ou rei; casar-se, celebrar a vida, identificar os prisioneiros, pedir proteção ao imponderável, garantir a vida do espírito durante e depois do corpo.

Na era Cristã, na clandestinidade, sob o jugo do poder pagão, os primeiros cristãos se reconheciam por uma série de sinais tatuados, com cruzes, as letras IHS, o peixe, as letras gregas. Na era moderna, a tatuagem passou por vários anos de marginalidade. Ela retorna a ser questão de relevância em nossa sociedade quando surge em artistas de música, cinema, e em pessoas comuns.

No Brasil, o precursor da tatuagem moderna foi um cidadão dinamarquês chamado Knud Harald Lucky Gegersen, conhecido popularmente como Lucky, ou Mr. Tattoo. Chegando por aqui em 1959, Lucky se estabeleceu em Santos- SP, utilizando seu talento e suas técnicas de desenhista e pintor profissional.

Lucky teve uma participação real no mundo da tatuagem brasileira. Os tatuadores chegam a dizer que por mais imperfeita que seja a tatuagem de Lucky, ela vale muito, pois foi graças ao dinamarquês que o Brasil entrou no mapa da tatuagem moderna. Lucky foi notícia em vários jornais, e em 1975 o jornal O Globo o considerou o único tatuador profissional da América do Sul, sendo sua morte noticiada no Jornal 'A Tribuna" de Santos do dia 18 de dezembro de 1983. Por um bom tempo Lucky continuou sendo o único, até que começaram a aparecer, aos poucos, os seus seguidores, que herdaram dele as técnicas e a arte de fazer tatuagem.

Apesar de toda sua história, o conceito de origem independente se adequa a tatuagem, pois ela foi inventada várias vezes, em diferentes momentos e partes do Mundo, em todos os continentes, com maior ou menor variação de propósitos, técnicas e resultados.

Deixando de ser um símbolo de marginalidade, e sim uma forma de expressão individual de arte e estética do corpo, a tatuagem não é mais tosca como as de cadeias, e sim um desenho de traços mais finos e cores variadas. Seja para "embelezar" o corpo, ou para marcar definitivamente um nome, um símbolo ou algo que acreditamos fazer sentido, a tatuagem, para mim ainda é uma linda expressão artística milenar.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Um pouco de arte - Vik Muniz

Monalisa de geléia e pasta de amendoim


VIK MUNIZ

Divide residência entre Rio de Janeiro, São Paulo e Nova York. Publicitário de formação, atua como fotógrafo, desenhista, pintor e gravador. Realiza, desde 1988, séries de trabalhos nas quais investiga, principalmente, temas relativos à memória, fazendo uso de técnicas diversas. Emprega nas obras, com freqüência, materiais inusitados, como açúcar, chocolate líquido, poeira e cabelo. Em The Best of Life reproduz, de memória, uma parte das famosas fotografias veiculadas pela revista americana Life, simulando um caráter de realidade às originárias. Com essa operação inaugura sua abordagem das questões envolvidas na circulação e retenção de imagens. Seu processo de trabalho consiste em compor as imagens com os materiais, normalmente instáveis e perecíveis, sobre uma superfície e fotografá-las. Nessas séries, as fotografias, em edições limitadas, são o produto final do trabalho. Sua obra também se estende para outras experiências artísticas como a earthwork e as questões envolvidas no registro dessas criações.

Na última quarta-feira, dia 06, estive visitando o MON (Museu Oscar Niemeyer) aqui em Curitiba, especialmente para apreciar a exposição de Vik Muniz, artista acima citado. Encantada com suas obras resolvi ler um pouco mais sobre o artista que encheu os meus olhos com tanta "perfeição" e "criatividade". Me surpreendi ao perceber que existe um grande debate a respeito de suas obras, uma discussão bastante grande acerca da consistência artística de seu trabalho. Li comentários qua afirmavam: ... "O Vik Muniz é um artista controverso. Eu tenho um sentimento ambíguo em relação ao seu trabalho. Não há como negar sua força visual. Mesmo porque suas imagens são exuberantes e arrebatadoras. Seduz o olhar e proporciona prazer estético. Mas há um que de superficialidade que me incomoda. Tem uma aproximação perigosa com a publicidade e com a ilustração. Sua obra é maneirista, e como tal dá uma sensação de vazio por de trás da beleza."... Ou outros comentários: ... "Quanto à obra do Vik Muniz, ela, gosta-se ou não, é importante, exatamente por ser exemplar para se discutir a arte no mundo de hoje. Mundo que se convencionou chamar de pós-moderno. O maneirismo, para mim, principal característica da arte pós-moderna, segundo os historiadores é típico de períodos de decadência, de crise de valores. Embora ache que o maneirismo faz muito sentido em uma sociedade como a nossa, não estou convencido de que não haja mais espaço para o humanismo na arte contemporânea."...

Cabe aqui dizer que Vik Muniz é publicitário de formação e talvez a leitura que ele faz do mundo seja muito mais através dos olhos de alguém que "vende" uma idéia, do que através dos olhos de alguém que desenha uma sensação, um momento ou uma simples paisagem. Mesmo assim é inegável a técnica que Vick Muniz possui, suas obras são grandiosas e no mínimo pretensiosas. Vale a pena lembrar que Vik Muniz é brasileiro e faz um enorme sucesso principalmente fora do Brasil.


Pessoas feitas de açúcar

A exposição de Vik Muniz estará no MON (Museu Oscar Niemeyer) em Curitiba, até o dia 07/03/2009.




EU ETIQUETA

Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
Que jamais pus na boca, nessa vida,
Em minha camiseta, a marca de cigarro
Que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produtos
Que nunca experimentei
Mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
De alguma coisa não provada
Por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
Minha gravata e cinto e escova e pente,
Meu copo, minha xícara,
Minha toalha de banho e sabonete,
Meu isso, meu aquilo.
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens,
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidências.
Costume, hábito, permência,
Indispensabilidade,
E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É duro andar na moda, ainda que a moda
Seja negar minha identidade,
Trocá-la por mil, açambarcando
Todas as marcas registradas,
Todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
Eu que antes era e me sabia
Tão diverso de outros, tão mim mesmo,
Ser pensante sentinte e solitário
Com outros seres diversos e conscientes
De sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio
Ora vulgar ora bizarro.
Em língua nacional ou em qualquer língua
(Qualquer principalmente.)
E nisto me comparo, tiro glória
De minha anulação.
Não sou - vê lá - anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
Para anunciar, para vender
Em bares festas praias pérgulas piscinas,
E bem à vista exibo esta etiqueta
Global no corpo que desiste
De ser veste e sandália de uma essência
Tão viva, independente,
Que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
Meu gosto e capacidade de escolher,
Minhas idiossincrasias tão pessoais,
Tão minhas que no rosto se espelhavam
E cada gesto, cada olhar
Cada vinco da roupa
Sou gravado de forma universal,
Saio da estamparia, não de casa,
Da vitrine me tiram, recolocam,
Objeto pulsante mas objeto
Que se oferece como signo dos outros
Objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mas artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é Coisa.
Eu sou a Coisa, coisamente.

Carlos Drummond de Andrade

sábado, 2 de janeiro de 2010

..... E ASSIM COMEÇA 2010......


É inevitável ..... nos primeiros dias do ano todos nós fazermos um balanço dos anos que se passaram ou ao menos do ano que passou..... e em seguida pensamos o que queremos para o ano que se inicia. Em tempos difíceis e de consumismo exacerbado pede-se prosperidade material, fartura à mesa.... . É como se necessitássemos obter algo que não temos....se já possuo um carro zero quero uma casa nova, se já possuo a casa nova quero aquela viagem ainda não feita para aquele tão sonhado lugar, mas se já fiz aquela viagem....o que espero para o ano que se inicia? A felicidade em tempos de grande consumismo está ligado a "POSSUIR" coisas ...... Mas qual a função de tudo isso? No que eu realmente acredito? O que move meus outros 364 dias do ano em que não faço balanço do que realmente quero conquistar na minha vida???? O que é realmente importante para mim?
Em meio a esses questionamentos vejo meu filho brincando no corredor de casa imaginando ser um grande dinossauro e diz prá mim:
- Viu mami como sou forte? Eu sou o enormossauro........
Ele ainda vive em um "mundo paralelo"... um mundo onde ele pode ser o que quiser, como quiser e quando quiser. Ele fala sozinho, tem um brilho nos olhos de quem acredita naquilo que fala e ouve das pessoas .... principalmente dos pais. Percebo que ele pode aprender tudo aquilo que ensinarmos a ele, sua capacidade e vontade de aprender não tem fim. Eu e seu pai somos de longe as figuras mais importantes de sua vida e por vezes vejo-o imitando o meu jeito de falar, o jeito do pai de agir, a vontade de ser grande como o pai:
- Mami: Né que quando eu crescer eu vou trabalhar na Sanepar igual ao Papi?
O mundo do Heitor ainda é um pouco o meu mundo e o mundo do pai dele. Que responsabilidade, penso....!!!!! Acredito que aprendemos por modelos, mais do que com palavras. Isso percebo em sala de aula com meus alunos e em casa com meu filho. A vida é um grande compromisso com o exemplo que exercemos sobre os outros, às vezes sem mesmo percebermos.
Por isso posso afirmar hoje que em 2010 quero ser exemplo! Exemplo de compromentimento, de respeito, de caráter, de força, de sabedoria...... pelos menos ao meu filho!!!!