sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

No que consiste a morte?


Já li muitas coisas a respeito da morte, mas nada que me acalentasse verdadeiramente o coração. Quando passamos pela experiência da perda de alguém que gostamos muito, além de nos sentirmos perdidos, sem chão , ficamos com a sensação de que esse tempo em que estamos vivos aqui na Terra é pequeno, rápido, e que de alguma maneira deveríamos aproveitá-lo melhor. Mas quanto aprendizado é necessário.....Quantas vezes batemos a cabeça e sentimos que estamos passando pela pior fase de nossas vidas...... Nós seres humanos imperfeitos, temos a necessidade muitas vezes de vivenciarmos situações difíceis para entendermos a grandeza de vida que possuímos.... Um filho perfeito, uma casa para morar,( em tempos de tantas tragédias), um marido amoroso e fiel, uma profissão gratificante, amigos maravilhosos e a possibilidade diária de amar infinitamente aqueles que nos cercam.
Mas como explicar a morte....? Nós que ficamos aqui estamos com a ausência de quem amamos e sem a certeza se um dia vamos revê-los Será que tudo que vivemos um dia juntos acabou mesmo e ponto final? O espiritismo diz que não.... afirmam que esse tempo em que estamos na Terra é passageiro mesmo, um período de aprendizagens, resgates e oportunidades de melhorarmos o nosso espírito em busca de evolução e luz.
Fomos criados em um mundo tão materialista que a dificuldade é grande em acreditar que a nossa vida vai além dessa armadura que chamamos de "corpo", sendo assim, sentimos falta das longas conversas, do cheiro, da voz, do dia-a-dia, da presença de quem amamos e já se foi. Quero acreditar que isso é passageiro mesmo, e que um dia estarei com todos aqueles que amei e hoje não estão mais comigo. Que poderei revê-los e ter a certeza que a dor que sinto hoje é mais uma vez aprendizado e que o verdadeiro sentimento nunca morre.

domingo, 17 de janeiro de 2010

TATUAGENS

Há mais de 3500 anos atrás, a tatuagem já existia como forma de expressão da personalidade ou de indivíduos de uma mesma comunidade tribal (união de pessoas com as mesmas características sociais e religiosas). Os primitivos se tatuavam para marcar os fatos da vida biológica: nascimento, puberdade, reprodução e morte. Depois, para relatar os fatos da vida social: virar guerreiro, sacerdote ou rei; casar-se, celebrar a vida, identificar os prisioneiros, pedir proteção ao imponderável, garantir a vida do espírito durante e depois do corpo.

Na era Cristã, na clandestinidade, sob o jugo do poder pagão, os primeiros cristãos se reconheciam por uma série de sinais tatuados, com cruzes, as letras IHS, o peixe, as letras gregas. Na era moderna, a tatuagem passou por vários anos de marginalidade. Ela retorna a ser questão de relevância em nossa sociedade quando surge em artistas de música, cinema, e em pessoas comuns.

No Brasil, o precursor da tatuagem moderna foi um cidadão dinamarquês chamado Knud Harald Lucky Gegersen, conhecido popularmente como Lucky, ou Mr. Tattoo. Chegando por aqui em 1959, Lucky se estabeleceu em Santos- SP, utilizando seu talento e suas técnicas de desenhista e pintor profissional.

Lucky teve uma participação real no mundo da tatuagem brasileira. Os tatuadores chegam a dizer que por mais imperfeita que seja a tatuagem de Lucky, ela vale muito, pois foi graças ao dinamarquês que o Brasil entrou no mapa da tatuagem moderna. Lucky foi notícia em vários jornais, e em 1975 o jornal O Globo o considerou o único tatuador profissional da América do Sul, sendo sua morte noticiada no Jornal 'A Tribuna" de Santos do dia 18 de dezembro de 1983. Por um bom tempo Lucky continuou sendo o único, até que começaram a aparecer, aos poucos, os seus seguidores, que herdaram dele as técnicas e a arte de fazer tatuagem.

Apesar de toda sua história, o conceito de origem independente se adequa a tatuagem, pois ela foi inventada várias vezes, em diferentes momentos e partes do Mundo, em todos os continentes, com maior ou menor variação de propósitos, técnicas e resultados.

Deixando de ser um símbolo de marginalidade, e sim uma forma de expressão individual de arte e estética do corpo, a tatuagem não é mais tosca como as de cadeias, e sim um desenho de traços mais finos e cores variadas. Seja para "embelezar" o corpo, ou para marcar definitivamente um nome, um símbolo ou algo que acreditamos fazer sentido, a tatuagem, para mim ainda é uma linda expressão artística milenar.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Um pouco de arte - Vik Muniz

Monalisa de geléia e pasta de amendoim


VIK MUNIZ

Divide residência entre Rio de Janeiro, São Paulo e Nova York. Publicitário de formação, atua como fotógrafo, desenhista, pintor e gravador. Realiza, desde 1988, séries de trabalhos nas quais investiga, principalmente, temas relativos à memória, fazendo uso de técnicas diversas. Emprega nas obras, com freqüência, materiais inusitados, como açúcar, chocolate líquido, poeira e cabelo. Em The Best of Life reproduz, de memória, uma parte das famosas fotografias veiculadas pela revista americana Life, simulando um caráter de realidade às originárias. Com essa operação inaugura sua abordagem das questões envolvidas na circulação e retenção de imagens. Seu processo de trabalho consiste em compor as imagens com os materiais, normalmente instáveis e perecíveis, sobre uma superfície e fotografá-las. Nessas séries, as fotografias, em edições limitadas, são o produto final do trabalho. Sua obra também se estende para outras experiências artísticas como a earthwork e as questões envolvidas no registro dessas criações.

Na última quarta-feira, dia 06, estive visitando o MON (Museu Oscar Niemeyer) aqui em Curitiba, especialmente para apreciar a exposição de Vik Muniz, artista acima citado. Encantada com suas obras resolvi ler um pouco mais sobre o artista que encheu os meus olhos com tanta "perfeição" e "criatividade". Me surpreendi ao perceber que existe um grande debate a respeito de suas obras, uma discussão bastante grande acerca da consistência artística de seu trabalho. Li comentários qua afirmavam: ... "O Vik Muniz é um artista controverso. Eu tenho um sentimento ambíguo em relação ao seu trabalho. Não há como negar sua força visual. Mesmo porque suas imagens são exuberantes e arrebatadoras. Seduz o olhar e proporciona prazer estético. Mas há um que de superficialidade que me incomoda. Tem uma aproximação perigosa com a publicidade e com a ilustração. Sua obra é maneirista, e como tal dá uma sensação de vazio por de trás da beleza."... Ou outros comentários: ... "Quanto à obra do Vik Muniz, ela, gosta-se ou não, é importante, exatamente por ser exemplar para se discutir a arte no mundo de hoje. Mundo que se convencionou chamar de pós-moderno. O maneirismo, para mim, principal característica da arte pós-moderna, segundo os historiadores é típico de períodos de decadência, de crise de valores. Embora ache que o maneirismo faz muito sentido em uma sociedade como a nossa, não estou convencido de que não haja mais espaço para o humanismo na arte contemporânea."...

Cabe aqui dizer que Vik Muniz é publicitário de formação e talvez a leitura que ele faz do mundo seja muito mais através dos olhos de alguém que "vende" uma idéia, do que através dos olhos de alguém que desenha uma sensação, um momento ou uma simples paisagem. Mesmo assim é inegável a técnica que Vick Muniz possui, suas obras são grandiosas e no mínimo pretensiosas. Vale a pena lembrar que Vik Muniz é brasileiro e faz um enorme sucesso principalmente fora do Brasil.


Pessoas feitas de açúcar

A exposição de Vik Muniz estará no MON (Museu Oscar Niemeyer) em Curitiba, até o dia 07/03/2009.




EU ETIQUETA

Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
Que jamais pus na boca, nessa vida,
Em minha camiseta, a marca de cigarro
Que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produtos
Que nunca experimentei
Mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
De alguma coisa não provada
Por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
Minha gravata e cinto e escova e pente,
Meu copo, minha xícara,
Minha toalha de banho e sabonete,
Meu isso, meu aquilo.
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens,
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidências.
Costume, hábito, permência,
Indispensabilidade,
E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É duro andar na moda, ainda que a moda
Seja negar minha identidade,
Trocá-la por mil, açambarcando
Todas as marcas registradas,
Todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
Eu que antes era e me sabia
Tão diverso de outros, tão mim mesmo,
Ser pensante sentinte e solitário
Com outros seres diversos e conscientes
De sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio
Ora vulgar ora bizarro.
Em língua nacional ou em qualquer língua
(Qualquer principalmente.)
E nisto me comparo, tiro glória
De minha anulação.
Não sou - vê lá - anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
Para anunciar, para vender
Em bares festas praias pérgulas piscinas,
E bem à vista exibo esta etiqueta
Global no corpo que desiste
De ser veste e sandália de uma essência
Tão viva, independente,
Que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
Meu gosto e capacidade de escolher,
Minhas idiossincrasias tão pessoais,
Tão minhas que no rosto se espelhavam
E cada gesto, cada olhar
Cada vinco da roupa
Sou gravado de forma universal,
Saio da estamparia, não de casa,
Da vitrine me tiram, recolocam,
Objeto pulsante mas objeto
Que se oferece como signo dos outros
Objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mas artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é Coisa.
Eu sou a Coisa, coisamente.

Carlos Drummond de Andrade

sábado, 2 de janeiro de 2010

..... E ASSIM COMEÇA 2010......


É inevitável ..... nos primeiros dias do ano todos nós fazermos um balanço dos anos que se passaram ou ao menos do ano que passou..... e em seguida pensamos o que queremos para o ano que se inicia. Em tempos difíceis e de consumismo exacerbado pede-se prosperidade material, fartura à mesa.... . É como se necessitássemos obter algo que não temos....se já possuo um carro zero quero uma casa nova, se já possuo a casa nova quero aquela viagem ainda não feita para aquele tão sonhado lugar, mas se já fiz aquela viagem....o que espero para o ano que se inicia? A felicidade em tempos de grande consumismo está ligado a "POSSUIR" coisas ...... Mas qual a função de tudo isso? No que eu realmente acredito? O que move meus outros 364 dias do ano em que não faço balanço do que realmente quero conquistar na minha vida???? O que é realmente importante para mim?
Em meio a esses questionamentos vejo meu filho brincando no corredor de casa imaginando ser um grande dinossauro e diz prá mim:
- Viu mami como sou forte? Eu sou o enormossauro........
Ele ainda vive em um "mundo paralelo"... um mundo onde ele pode ser o que quiser, como quiser e quando quiser. Ele fala sozinho, tem um brilho nos olhos de quem acredita naquilo que fala e ouve das pessoas .... principalmente dos pais. Percebo que ele pode aprender tudo aquilo que ensinarmos a ele, sua capacidade e vontade de aprender não tem fim. Eu e seu pai somos de longe as figuras mais importantes de sua vida e por vezes vejo-o imitando o meu jeito de falar, o jeito do pai de agir, a vontade de ser grande como o pai:
- Mami: Né que quando eu crescer eu vou trabalhar na Sanepar igual ao Papi?
O mundo do Heitor ainda é um pouco o meu mundo e o mundo do pai dele. Que responsabilidade, penso....!!!!! Acredito que aprendemos por modelos, mais do que com palavras. Isso percebo em sala de aula com meus alunos e em casa com meu filho. A vida é um grande compromisso com o exemplo que exercemos sobre os outros, às vezes sem mesmo percebermos.
Por isso posso afirmar hoje que em 2010 quero ser exemplo! Exemplo de compromentimento, de respeito, de caráter, de força, de sabedoria...... pelos menos ao meu filho!!!!

domingo, 27 de dezembro de 2009

Para a minha grande amiga Liliani


Loucos e Santos

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

VOCÊ É REALMENTE MUITO ESPECIAL......PARABÉNS PELO DIA DE HOJE E NÃO ESQUECE QUE VOCÊ TEM UM LUGAR ESPECIAL EM MEU CORAÇÃO!

sábado, 26 de dezembro de 2009

O mito da Caixa de Pandora: Origem


Origem
Foi a primeira mulher que existiu, criada por Hefesto e Atena, auxiliados por todos os deuses e sob as ordens de Zeus. Cada um lhe deu uma qualidade. Recebeu de um a graça, de outro a beleza, de outros a persuasão, a inteligência, a paciência, a meiguice, a habilidade na dança e nos trabalhos manuais. Hermes, porém pôs no seu coração a traição e a mentira. Feita à semelhança das deusas imortais, destinou-a Zeus à espécie humana, como punição por terem os homens recebidos de Prometeu o fogo divino. Foi enviada a Epimeteu, a quem Prometeu recomendara que não recebesse nenhum presente dos deuses. Vendo-lhe a radiante beleza, Epimeteu esqueceu quanto lhe fora dito pelo irmão e a tomou como esposa.

Ora, tinha Epimeteu em seu poder uma caixa que outrora lhe haviam dado os deuses, que continha todos os bens. Avisou a mulher que não a abrisse. Pandora não resistiu à curiosidade. Abriu-a e os bens escaparam. Por mais depressa que providenciasse fechá-la, somente conservou um único bem, a esperança. E dali em diante, foram os homens afligidos por todos os males.

Interpretação
Pode-se perguntar quanto ao sentido desta lenda: por que uma caixa, ou jarra, contendo todos os males da humanidade conteria também a Esperança? Na Ilíada, Homero conta que, na mansão de Zeus, haveria duas jarras, uma que guardaria os bens, outra os males. A Teogonia de Hesíodo não as menciona, contentando-se em dizer que sem a mulher, a vida do homem não é viável, e com ela, mais segura. Hesíodo descreve Pandora como um "mal belo" (καλὸν κακὸν/kalòn kakòn).

O nome "Pandora" possui vários significados: panta dôra, a que possui todos os dons, ou pantôn dôra, a que é o dom de todos (dos deuses).

A razão da presença da Esperança com os males deve ser procurada através de uma tradução mais acurada do texto grego. A palavra em grego é ἐλπίς/elpís, que é definida como a espera de alguma coisa; pode ser traduzida como esperança, mas essa tradução seguramente é arbitrária. Uma tradução melhor poderia ser "antecipação", ou até o temor irracional. Graças ao fechamento por Pandora da jarra no momento certo, os homens sofreriam somente dos males, mas não o conhecimento antecipado deles, o que provavelmente seria pior.

Eles não viveriam o temor perpétuo dos males por vir, tornando suas vidas possíveis. Prometeu se felicita assim de ter livrado os homens da obsessão com a própria morte. Uma outra interpretação ainda sugere que este último mal é o de conhecer a hora de sua própria morte e a depressão que se seguiria por faltar a esperança.

Um outro símbolo está inserido neste mito. A jarra (pithos) nada mais é que uma simples ânfora: um vaso muito grande, que serve para guardar grãos. Este vaso só fica cheio através do esforço, do trabalho no campo, seu conteúdo então simboliza a condição humana. Por conseqüência, será a mulher que a abrirá e a servirá, para alimentar a família.

Uma aproximação deste mito pode ser feita com a Queda de Adão e Eva, relatada no livro do Gênesis. Em ambos os mitos é a mulher, previamente avisada (por Deus, na Bíblia, ou, aqui, por Prometeu e por Zeus), que comete um erro irremediável (comendo o fruto proibido, na Bíblia, ou, aqui, abrindo a caixa, ou jarra, de Pandora), condenando assim a humanidade a uma vida repleta de males e sofrimentos. Todavia, a versão bíblica pode ser interpretada como mais indulgente com a mulher, que é levada ao erro pela serpente, mas que divide a culpa com o homem.

A mentalidade politeísta vê Pandora como a que deu ao homem a possibilidade de se aperfeiçoar através das provas e da adversidade (o que os monoteístas chamam de males). Ela lhe dá assim a força de enfrentar estas provas com a Esperança. Na filosofia pagã, Pandora não é a fonte do mal; ela é a fonte da força, da dignidade e da beleza, portanto, sem adversidade o ser humano não poderia melhorar.